Reimaginando o Quadro de Medalhas das Olimpíadas 2024
As Olimpíadas de Paris 2024 acabaram há menos de uma semana e estou lamentando enquanto espero para que as Paralimpíadas comecem1. Assim como meus compatriotas, torci para que o Brasil obtivesse o máximo de medalhas possível, e aos poucos íamos conseguindo, mas demorou até que o primeiro ouro 🥇viesse, então estávamos ficando para trás no famoso quadro de medalhas, o que me fez pensar:
Qual a importância do quadro de medalhas mesmo?
Claro que posso ter me questionado isso apenas porque estávamos numa posição desconfortável: ver o Brasil com algumas medalhas de 🥈🥉 atrás de outros com apenas uma de ouro 🥇. Sei que há uma discussão de dominação cultural e no fim, nada mais justo que competir no quadro de medalhas, quando já estamos competindo em todo o resto também, mas ainda pareceu estranho.
Acredito haver espaço para debater a utilidade do posicionamento no quadro de medalhas, um que precise de ser muito mais tempo para ser desenvolvido do que tenho2, mas nesse meio tempo também fez surgir uma ideia inovadora3 na minha cabeça: e se eu simulasse as posições do quadro de medalhas utilizando outras métricas? Certamente há alguma que seja mais justa que as outras, ou pelo menos vou ter sacadas engraçadas.
Quando me pus a fazer isso, comecei listando o que a maioria das pessoas pensaria, antes de perceber que muita gente já tinha feito isso antes3. Mantive essas métricas, mas também pensei em outras que ainda não tinha visto, mutando meu objetivo inicial de “ver diferentes quadros de medalha” para “ver quão perto do topo consigo colocar o Brasil”. Eis as métricas que escolhi:
- Contagem total de medalhas: Simples, apenas a soma dos três tipos de medalhas 🥇🥈🥉. Também foi importante como um dado base para as outras métricas.
- Contagem de medalhas ponderada: Entendo que o ouro deva valer mais que a prata, mas ao mesmo tempo se um país têm 3 ouros, me pareceu injusto colocá-los acima de um outro que tivesse 10 pratas e 10 bronzes. Inicialmente eu fiz 🥇*3 + 🥈*2 + 🥉, mas fui convencido pelo New York Times a mudar o peso das medalhas de ouro para 4, pra que elas tenham um significado mais especial de conquista.
- Por tamanho de delegação: Queria ver quão eficiente a delegação de cada país era, afinal, se um país envia 10 atletas e todos eles levam uma medalha pra casa, parece muito mais bem sucedido que um país que envia 100 atletas para obter as mesmas 10 medalhas. Inicialmente queria considerá-las baseadas no “potencial da delegação”, que é medir o potencial número de medalhas que uma delegação poderia conquistar, dado que em alguns esportes como a ginástica artística e a natação apenas um atleta pode ganhar múltiplas medalhas. Parecia que levaria para sempre fazer esse levantamento, então usei apenas o tamanho da delegação mesmo.
- Por PIB: Com pensamento semelhante ao acima, queria ver quão eficiente um país era em “converter PIB” em medalhas. Aqui uma ideia mais granular similar surgiu, quando discutindo com um amigo4: recalcular o quadro de medalhas pela porcentagem do PIB investido em esportes, mas novamente achei que isso seria muito trabalhoso de obter.
- Por tamanho: Quão eficiente para obter medalhas dado o tamanho do país?
- By Population: Quão eficiente para obter medalhas dado o tamanho da população do país?
- IDH: Como um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais alto se correlaciona com a obtenção de medalhas.
- Por Campos de Golfe: Eu sei, não faz sentido nenhum, mas foi a estatística que pensei que pudesse fazer o Brasil ir melhor. Para o meu azar, o Uzbequistão tinha apenas um campo de golfe registrado até 2021!
Sem mais delongas, aqui estão as diferentes classificações de quadros de medalhas que inventei para reorganizar os primeiros 20 países no quadro de medalhas das Olimpíadas de 2024.
Parece que me deixei levar e usei métricas demais, o que deixou o gráfico quase ilegível. Aqui está a mesma informação em “formato tabular”5 para acessibilidade:
País Total Ponderado Tamanho IDH Delegação População PIB Campos Golfe
0 EUA 1 1 16 1 3 14 20 20
1 China 2 2 17 2 2 20 19 5
2 Japão 6 6 6 6 11 16 16 18
3 Austrália 5 5 18 5 8 3 6 13
4 França 4 3 8 4 10 9 7 8
5 Países Baixos 8 7 1 8 7 4 5 7
6 Grã-Bretanha 3 4 3 3 4 8 8 15
7 Coréia do Sul 10 10 2 10 1 12 10 11
8 Alemanha 9 9 9 9 16 13 18 14
9 Itália 7 8 5 7 12 10 9 6
10 Nova Zelândia 13 12 10 12 13 1 4 9
11 Canadá 11 11 19 11 15 11 15 19
12 Uzbequistão 16 14 12 17 6 17 1 1
13 Hungria 14 13 4 14 9 2 2 2
14 Espanha 15 15 11 13 20 15 14 12
15 Suécia 17 17 13 16 14 7 11 17
16 Quênia 18 18 15 20 5 18 3 3
17 Noruega 19 19 14 18 17 5 12 10
18 Irlanda 20 20 7 19 19 6 13 16
19 Brasil 12 16 20 15 18 19 17 4
Se quiser, aqui estão a fonte de dados e meu código bagunçado. Foi divertido ver como a Nova Zelândia teve ótimos resultados, mesmo sem estar entre os maiores países na maioria das métricas. Não consegui fazer o Brasil chegar mais longe do que a quarta posição, você acha que conseguiria com alguma outra métrica? Me fale, porque parece que até lá, vou ter de me contentar em apenas torcer com mais empenho para os nossos atletas.
Fiquei vidrado dessa vez, tentei acompanhar o máximo de esportes possível através da cobertura gratuita feita pela CazeTV ↩︎
Especialmente porque tem todo um debate de acusar os EUA de sempre escolherem a melhor “métrica” para se colocarem no topo. Não cairei nessa armadilha, pelo menos não hoje 😂. ↩︎
Parece que não fui nem um pouco inovador: Medalhas per capita, Ponhos de medalha do New York Times, e assim vai. ↩︎ ↩︎
Sim, Breno, foi você. ↩︎
Fui preguiçoso e não converti em uma tabela de verdade para o blogue, nem arrumei os índices para começarem de 1. ↩︎