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Semana passada fui à edição 2024 da FIQ¹ e já que minha última vez lá tinha sido ótima, estava ansioso para comprar apreciar muito mais conteúdo dessa vez². Fui ao primeiro dia de evento com minha esposa, Letícia, e ela comprou alguns livros, aproveitando sua primeira visita ao evento.

Um dos livros que ela comprou foi um quadrinho chamado Normal, de Helena Cunha, é uma história fofa de se assumir e tentar ser uma pessoa “normal” que eu li em apenas uma sentada, alguns dias depois do festival. Normalmente registro todos os livros que leio no Skoob e no Goodreads, duas comunidades de amantes dos livros, e quando fui registrar esse no Skoob, percebi algo interessante: 94% dos leitores de Normal são mulheres³. Fiquei chocado porque mesmo sendo uma história de uma jovem lésbica, cujas mulheres tendem a se identificar mais, eu não esperaria que fosse tão desigual!

Isso me deixou curioso acerca de como essa distribuição seria em outros livros que eu já tinha lido, então abri algumas páginas aleatórias e vi que o público da maioria dos livros era dominado pelas mulheres. Não pude parar ali, então decidi escrever um programa⁴ para minerar dados do Skoob e extrair toda a informação acerca dos livros que eu já tinha lido, para tentar enxergar alguma correlação entre os autores de livros ou seus gêneros e o público.

Enquanto escrevo isso, tenho 229 livros registrados como “lidos” no Skoob e é assim que um histograma do número de livros pela porcentagem de leitoras se parece, para minha atividade de leitura:

Alguns esperariam que seria uma distribuição normal centrada em 50%, o que significaria que a maioria dos livros seria igualmente lida por homens e mulheres. Não foi nem de longe esse o caso. Eis o que conseguimos extrair deles:

1. Mulheres parecem ser leitoras mais ávidas que homens, já que os picos do histograma são por volta de 70% de leitoras⁵.
2. Sou um leitor solitário de cerca de 10% dos livros que já li, dada a grande barra no 0% quando consideramos todos os livros⁶.
3. Aparentemente há um caso onde 100% dos leitores são mulheres, mesmo eu sendo um deles 🤣, por isso decidi filtrar os livros com pouco público nos histogramas do meio e da direita.

Por si só esse dado já foi bem interessante, e ainda confirmou minha observação inicial que mulheres eram a maioria do público que lê livros, no entanto eu ainda queria ver como a proporção de leitores homens/mulheres era para os livros que li, considerando diferentes números de leitores. Percorri os dados que havia coletado e comecei a anotar todos os livros mais lidos por homens e por mulheres em diferentes contagens de leitores, que eu resumi numa tabela ao fim deste artigo. Algumas observações:

1. Os livros que foram majoritariamente lidos por homens também foram escritos por homens.
2. Homens só conseguiram ser a maioria dos leitores em livros que foram lidos por no máximo 11.000 pessoas.
3. Dado que mulheres parecem ler muito mais, os livros com maior proporção de leitoras mudam muito menos que os dos homens para as amostragens que fiz.
4. Onde os homens ainda são a maior parte, a maioria dos livros era de romance histórico e o grosso deles trata de guerra ou de conflitos (Encontro com Rama sendo a exceção).
5. Quase todos os livros da série Conquistador de Conn Iggulden aparecem na tabela, exceto pelo primeiro livro, então os homens parecem amar bem mais a “história” do Gengis Khan que as mulheres⁷.

Analisar esses dados foi um experimento fascinante, poderia ter feito muito mais se tivesse mais tempo estatísticas: ver a proporção de livros que li baseada no gênero do autor, comparar o público do Brasil com o global, se o Goodreads fornecesse as mesmas informações, entre outros. Só espero que algum aficionado por dados que trabalha em uma dessas plataformas esteja por aí, se depare com esse artigo e decida fornecer mais informação 👀. O que você gostaria de saber mais sobre seus hábitos de leitura? Me conte!

Figura bônus pra quem veio até aqui, gerada pela IA com o mesmo texto, mas escolhendo outra arte hahaha