Bloco de rascunho
Não, nós não salvamos o mundo, mas tem valido a pena tentar :).
Lá em casa aprendemos a falar “rascunho” cedo, meus pais sempre guardaram folhas de papel que estavam impressas ou escritas apenas de um lado para serem reutilizadas: o verso de um extrato de banco viraria uma lista de compras ou até a impressão de um boleto, e só então seria descartado. Sempre ouvíamos: “pega um rascunho lá pra mim filho”.
Quando trabalhava na CEMIG, meu pai via folhas e mais folhas com projetos de iluminação pública serem jogadas fora, mesmo inutilizadas em um dos lados, e achava um desperdício. Tiago e Tales podem comprovar que tivemos uma infância bem divertida, seja desenhando em imensas folhas tamanho A1, usando-as para forrar a mesa ou o chão antes de qualquer arte, ou mesmo tentando entender o projeto do outro lado.
Um dia meu pai apareceu com esse bloco de notas do GIF, disse que tinha pego uma pilha de folhas A4 que seriam jogadas fora e decidido reaproveitar, mandou cortá-las na metade e fez o bloco. Até rimos na hora, pois era imenso, pensávamos que ele nunca iria acabar, mas hoje, depois de mais de uma década, ele acabou.
O bloco nos acompanhou por toda a universidade, foi usado para tomar notas enquanto estudávamos, para registrar partidas de jogos de tabuleiro ou o telefone de alguém que tínhamos que ligar. Ele me acompanhou durante o início da minha carreira profissional, viu notas de entrevistas que conduzi, guardou ideias de funcionalidades, registrou dolorosos passos para tentar entender um bug e até diário virou uma época!
Pode parecer bobo, mas ver o bloco acabando foi se tornando um marco, estava até ansioso pelo dia em que aconteceria, agora até me sinto estranho pensando que vou ter que comprar um novo, tudo graças aos nossos pais que sempre nos ensinaram a não desperdiçar.
Obrigado Vera e Arnaldo. Não, nós não salvamos o mundo, mas tem valido a pena tentar :).